Vida e Obra de João Nunes Maia

Não podemos falar de João Nunes sem falar de Miramez, benfeitor e guia espiritual, que trabalha nos céus brasileiros ombro a ombro com Dr. Bezerra de Menezes.

À época do Cristo foi o jovem rico da parábola, aquele que não conseguiu desprender-se dos bens materiais para seguir Jesus.

No século XII fez parte dos discípulos de Francisco de Assis como Frei Luiz.

Teve sua última reencarnação na Espanha como Fernando Miramez de Olivideo, e por volta do ano de 1615 veio para o Brasil como representante oficial da coroa espanhola.

Foi escolhido pelo rei Felipe IV porque era intelectual, falava várias línguas e estava à altura de vigiar e combater o Padre Antônio Vieira, que viera a mando de Portugal, para trabalhar aqui e convencer o povo que Portugal era o melhor para o Brasil.

Mas, o planejamento espiritual era bem outro – Miramez e o Padre Antônio Vieira fizeram amizade, tinham o mesmo ideal. Nenhum dos dois estavam interessados na política. Aceitaram vir para o Brasil dessa forma por conveniência pessoal e ideal cristão.

A nau espanhola que trouxe Miramez da Espanha aportou numa baia do Maranhão; ele foi tomado de grande emoção quando viu grande número de nativos à sua espera.

Quando foi se aproximando da praia os índios se ajoelharam em reverência, enquanto o pajé gritava: “Babagi! Babagi! Babagi!

Babagi era uma entidade muito respeitada entre aqueles índios, como um deus, e abraçou-se ao Miramez caminhando com ele.

Todo pajé é médium, e aquele já havia anunciado às tribos que Babagi iria trazer alguém para protegê-los, e conduzi-los.

Quando observou, e viu pela vidência, Babagi abraçado ao Miramez, não teve dúvidas, viu cumprir-se o anunciado e esperado.

E Miramez abriu-se em amor por eles…

Foi aceito nas tribos e chamado de Pai Branco.

Quando desencarnou iniciou uma tarefa de socorro e amparo aos índios e negros brasileiros, desencarnados, que chamou de Legião do Triunfo. 

Mais tarde este trabalho foi ampliado, sendo construída a Colônia do Triunfo onde até os enfermos trabalham.

O último capítulo do livro Além do Ódio, da Editora Fonte Viva, contém detalhes da construção dessa cidade espiritual. É muito interessante. Temos lá como governador, o espírito Miramez.

Para falarmos de João Nunes vamos localizá-lo antes como Senhor de Engenho brasileiro, de Minas Gerais, em passeio a Portugal, enquanto Teodomiro Travassos.

Desencarna em Lisboa; é recolhido no Parque de Recuperação Estrela do Oriente, onde permaneceu alguns anos.

Consciente de sua situação espiritual, aguardava a caravana que o reconduziria ao Brasil.

A caravana dirigida por Miramez finalmente chegou, empreendendo naquele mesmo dia o retorno que transcorreu na paz de Deus.

Quando a caravana vai se aproximando da América do Sul, Miramez reduz a velocidade e o grupo contempla, nos céus adjacentes ao Brasil, um Cristo de braços abertos de 1000 metros de altura.

Teodomiro pediu que parassem. E foi ali, ajoelhado perante o monumento esplendente do Cristo Jesus, que ele derramou grossas lágrimas de arrependimento, provindas dos escaninhos da alma, ao que Miramez explicou: – Este Cristo é um símbolo de vida, feito de uma matéria que produz reações diferentes nas almas que por aqui passam, causando alegria duradoura. Também significa que ele nasceu no oriente, mas veio nos esperar no ocidente.

Para Teodomiro foi como um renascimento – a libertação íntima da ignorância e a promessa de jamais desviar-se do caminho.

Como filho pródigo voltou ao Pai para proceder como o último de seus servos, na humildade e no arrependimento.

O livro Além do Ódio contém esta passagem.

Desembaraçado de certos débitos mais pesados pelo processo da reencarnação, foi traçado o plano para uma reencarnação-chave, a que ofereceria grandes oportunidades de limpeza do passado, na qual contribuiria com o despertamento espiritual da humanidade.

O lema de Nosso Senhor Jesus Cristo nesta morada do Pai é educar os homens com os próprios homens.

Ali, na Colônia do Triunfo viu os companheiros do seu apostolado sendo dirigidos à reencarnação nas várias regiões do Brasil, para o encontro ou reencontro futuro nas hostes da doutrina espírita.

Chegado o seu momento despediu-se dos que reencarnariam depois dele, e que também abraçariam a causa do pão e do livro.

Com sete dias de nascido retornou ao plano espiritual, para de novo reencarnar naquele lar de Maria em 1923, na fazenda Brejinho, cercanias de Glaucilândia, MG., como João Nunes Maia.

Sua primeira experiência mediúnica se deu aos dois anos de idade: com sete bernes na cabeça ele saiu do corpo e observou aquele nenê chorão, e quis de novo retornar à pátria espiritual, ao que a mãe prestimosa o afagou dizendo: dorme meu filho.

Sua infância e juventude junto aos seus está contida no livro João Nunes Maia – uma biografia, de autoria de Ariane de Quadros Corrêa.

A trajetória de João Nunes até chegar ao espiritismo foi muito dura; a mediunidade aflorada aos 16 anos e a obsessão tomando-o gradativamente – era uma espécie de obsessão com mediunidade.

Foi um médium em alta voltagem. Quando tinha vontade de escrever, se não o fizesse, desequilibrava-se totalmente ao ponto de enlouquecer, e escrevia de tudo: poesia, pornografia, críticas, mas conteúdo, utilidade, só depois de muito tempo.

Passou 12 anos nas lides espiritistas trabalhando na assistência social e foi melhorando, se libertando de certas influências do mal.

Ele pedia aos benfeitores que o livrassem daquelas companhias e estes o orientavam para que lesse tais ou quais mensagens. Ele lia e via onde estava errando, procurava se modificar, mas sua mudança durava poucas horas, às vezes alguns dias – ele não conseguia se libertar: foram 12 anos assim.

Faltava sintonia com os espíritos elevados…

Os guias principais de livro surgiram 20 anos depois.

Sua primeira grande tarefa com livros chamou-se Campanha Nacional do Livro Espírita Gratuito.

Percorreu o norte de Minas Gerais, a Bahia, Sergipe, Pernambuco e Ceará, Parte da Paraíba e Piauí, todo o estado de Goiás, distribuindo gratuitamente livros espíritas, principalmente as obras básicas.

Enchia-se o caminhão com os livros; cobria-o com uma lona, grandes retratos do codificador e partiam para Uberaba. Chico Xavier subia no estribo dizendo: eu também vou… Depois descia, voltando a pé para a cidade – o caminhão seguia com sua bênção e o seu apoio.

Depois desta tarefa é que surgiram os primeiros livros: Alguns Ângulos dos Ensinos do Mestre; Rosa Cristo; Ele e Ela e Além do Ódio.

Quando o livro Além do Ódio foi publicado, 1973, a personagem Niquinha pediu ao João Nunes um primeiro lançamento do livro para os irmãos hansenianos.

João Nunes se dirigiu com cinco amigos (1) à Colônia Santa Isabel localizada em Betim, MG. com 103 livros para distribuí-los gratuitamente.

Compareceram ao Centro Espírita Campos Vergal mais de 400 pessoas naquela noite memorável. Bem mais da metade daquele público ficou do lado de fora, muitos apinhados nas janelas e ávidos de misericórdia e amor.

João Nunes meio angustiado falou ao dirigente: temos apenas 103 livros, ao que este respondeu com calma e alegria: – Nunes, vejo que são muitos da mesma família, vamos dar um livro por família. Assim procederam e ao final estavam ali 103 famílias.

Foi neste ambiente de júbilo espiritual que João Nunes percebeu, em certo momento de emoção, as personagens desencarnadas do livro Além do Ódio – filas de escravos abriram alas para uma entidade de grande porte e luz que se dirigiu a ele dizendo: papel e lápis meu filho que vou lhe ditar a fórmula de uma pomada que haverá de aliviar e curar.

Surgiu então a Pomada Vovô Pedro.

  1. Hyarbas; Osmundo; João Dias; Giselha; Ariane.

Corria o ano de 1972. Viajei para Belo Horizonte, e chegando lá fiquei sabendo que era o dia do lançamento do livro ALÉM DO ÓDIO.

A Colônia de hansenianos Santa Isabel, em Betim, vivia um dia excepcional em sua história – o dia em que o Centro Espírita Campos Vergal abria as portas ao lançamento do livro ALÉM DO ÓDIO; o dia em que o médium João Nunes Maia receberia a fórmula da Pomada Vovô Pedro.

– 103 livros

– 103 famílias

Enquanto o júbilo da oferta feita àquele público faminto de esperança, com sede e fome de compreensão e auxílio, transcorria, um novo quadro se abriu à visão espiritual do médium:

– Adentram o salão personagens desencarnadas do livro Além do Ódio:

Miramez, Dr. Ciro, Dr. Bastos, Niquinha, Mãe Dudu, ladeados por espíritos escravos da fazenda Riachuelo, portando suas vestes e ferramentas de trabalho.

O espírito Niquinha se ajoelha no meio do salão, na dimensão própria, elevando sentida prece ao Criador, pedindo auxílio e misericórdia para os que se encontravam ali vivenciando o guante da dor. Ao que surge, então, iluminada, a figura do Dr. Franz Anton Mesmer, espírito até então desconhecido do médium.

“Papel e lápis meu filho que eu vou lhe ditar uma fórmula que haverá de aliviar e curar! ”

Atente para o preço: “Deus lhe pague. ”

Quem é? Perguntou o médium.

– Vovô Pedro. 

Respondeu sorrindo, resplandecendo, sumindo.

 Essa história detalhada está contida no livro JOÃO NUNES MAIA – uma biografia, e também como último capítulo do livro A POMADA VOVÕ PEDRO.

João Nunes extraiu os extratos das plantas indicadas na fórmula, utilizando métodos antigos sob a orientação dos espíritos, até realizar sua primeira experiência numa panela de pressão de 4kg, saindo a campo para testar.

Lembrou-se daquele pedinte da Praça Sete que tinha grandes feridas nas pernas. Foi lá.

Ofereceu, explicou e foi acompanhando o caso, até que viu uma das pernas completamente curada – no lugar da grande ferida uma pele rosada.

E a outra perna companheiro! Disse entusiasmado…

Ao que respondeu o irmão:

– A outra não. 

– Como é que vou ganhar meu pão?

Com o apoio e o entusiasmo de Chico Xavier João Nunes abriu sete postos de produção da Pomada Vovô Pedro, em diferentes regiões do Brasil, para darem suporte à demanda, reencontrando assim seus companheiros de jornada que o abraçaram e à sua causa.

Mais de 1000kg de Pomada Vovô Pedro são produzidos hoje nos 23 postos de produção existentes no país – são mais de um milhão de potinhos por ano, cujo preço é o mesmo da origem: Deus lhe pague!

A sua lavra mediúnica em termos de livros chega ao ápice. Só no ano de 1980 um livro por mês.

Sua obra mediúnica passa de 86 livros publicados.

Cada livro teve a sua história, sua gestação e era como um filho – diziam-se, ele e Chico Xavier.

 – O livro Ele e Ela foi o 1º a tratar do tema família dentro do espiritismo, esgotando sua primeira edição em 30 dias.

– Sinhozinho Cardoso, autor de Além do Ódio reencarnou logo depois de escrever o livro. É um romance histórico que prende o leitor e dá vida as personagens, além da didática própria da escola literária de Miramez.

Favos de Luz surgiu porque Chico estava sendo muito perseguido pela imprensa, e os seus íntimos se reuniram com o fim de fazer sua defesa. Queriam ir à imprensa responder as críticas.

João Nunes estava presente naquele momento difícil, e ouviu na acústica mental o guia espiritual: Miramez está propondo quatro perguntas. Se conseguirem responder a elas estarão liberados para ir à imprensa defender o Chico; se não conseguirem responder, não devem ir.

Feitas as quatro perguntas e dado o tempo para refletirem, não conseguiram responder a nenhuma delas – não foram à imprensa. Aquelas críticas ao Chico Xavier divulgaram ainda mais o espiritismo.

João Nunes se entusiasmou, inspirado, foi fazendo novas perguntas; Miramez foi respondendo e surgiu Favos de Luz.

– O original do livro Horizontes da Mente subiu 3 metros de altura quando João Nunes descia de um táxi na esquina da Av. São João com a Ipiranga, em São Paulo. A pasta se abriu lá em cima e o livro, em folhas soltas de papel, se espalhou pela avenida levado pelo vento, sendo recolhido pelos que ali passavam e devolvido ao médium – todos ajudaram: motoristas, passantes, guardas de trânsito, comerciantes locais.

– Quando terminou o último capítulo do livro Francisco de Assis, encerrando-o com a palavra fim, a campainha tocou. Foi ver quem era e deparou-se com um ônibus todo empoeirado, vindo da Colônia Santa Marta do Pará, com 44 eis hansenianos, todos curados pela Pomada Vovô Pedro.

Tua Casa, do espírito Ayrtes, instrui e educa para o Culto do Evangelho no Lar.

Ave Luz trás o ambiente da Palestina e do Cristo para dentro de nossa casa, quando o utilizamos no lar.

Jesus Voltando revela as 15 aparições de Jesus depois do 3º dia, com riqueza de detalhes e ensinamentos da mais alta sabedoria. 

– O livro Iniciação – Viagem Astral mostra atividades espirituais dirigidas por Miramez, nas quais os encarnados participam, sendo retirados do corpo para este fim – uns conscientes, outros semiconscientes e ainda outros inconscientes.

São 72 páginas só de introdução, para que o leitor possa compreender o livro.

Maria de Nazaré mostra a grandeza espiritual da mãe de Jesus, seu trabalho e o de Isaías no grupo Seareiros do Bem, preparando o ambiente da Palestina para a vinda do Messias.

Culmina na libertação de seu corpo físico, com o Mestre buscando-a para levá-la e coroá-la rainha dos Céus!

Mantras de Vida trás 52 mensagens para serem lidas uma por semana, durante um ano, a fim de interiorizarmos os seus ensinamentos.

Horizontes da Fala propõe exercícios diários para a educação do pensamento que se materializa na palavra, a fim de não sermos contaminados pela própria boca.

Segurança Mediúnica dá aos médiuns o necessário para trabalharem na tranquilidade e na paz.

– Saúde apresenta lições profundas, que quando assimiladas geram a harmonia do corpo.

Essa lavra mediúnica tem vida, e age no interior de cada um conforme seu estágio evolutivo.

João Nunes jamais se afastou de tarefas mais simples como a SOPA VOLANTE aos irmãos dos morros e favelas; da CAMPANHA DO KILO da qual foi fundador em Belo Horizonte.

Abria por onde passava novas frentes de trabalho, incentivando os obreiros e dando depoimento de sua experiência pessoal, tais como:

– Visitação aos enfermos acamados, no lar; 

– Sopa ou lanche noturno para moradores de rua;

– Campanha do Evangelho no táxi, para melhorar a psicosfera da cidade;

– Incentivo ao amparo às crianças órfãs, lembrando a prioridade dos idosos abandonados ou mesmo jogados na rua.

Por onde passava granjeava amigos e esquecia, ou fazia-se esquecer, livros espíritas, para que outros os encontrassem.

Sempre se lembrava dos que serviam nas casas que o hospedasse, agradando-os de alguma forma, e pedindo desculpas por aumentar o seu serviço. 

Repassava os presentes que ganhava nas oportunidades que a vida dá, com o fim de não tirar proveito algum do alimento espiritual que alcançava os outros por seu intermédio.

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